Defensor da democracia plena e crítico do neoliberalismo

Resistência à ditadura militar

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Colégio Pedro II
Pinguelli jovem estudante
Na Academia Militar
Sobral Pinto

O batismo de Pinguelli na militância política se deu quando ele cursava o antigo Ginásio no Colégio Pedro II. Em 1956, os estudantes secundaristas se mobilizaram contra o aumento das passagens dos bondes e promoveram um quebra-quebra. Atacados pela Polícia Militar, foram, surpreendentemente, defendidos pela Polícia do Exército, enviada pelo governo de Juscelino Kubitschek. O episódio foi a sua primeira percepção do poder da população organizada e imprimiu no adolescente uma impressão favorável dos militares.

Simpatia que o faria aceitar de boa vontade a recomendação do pai de que tentasse a carreira militar. Em 1961, quando Jânio Quadros renunciou à presidência, já cursava a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Pinguelli, que havia votado no candidato adversário de Jânio, Marechal Henrique Teixeira Lott, fez parte do grupo de oficiais e cadetes favoráveis à posse do vice João Goulart, combatida por muitos militares. 

Em 2004, ele escreveria em um artigo que o golpe militar de 1964 começara ali, com uma profunda divisão entre as tropas. Quando os militares se puseram em marcha para derrubar o governo de Jango, Pinguelli já era segundo-tenente do Batalhão de Manutenção da Divisão Blindada, em São Cristóvão. Numa reunião de oficiais, ele não se calou quando ouviu o comandante do Batalhão afirmar que a presidência seria ocupada pelo presidente da Câmara dos Deputados, já que João Goulart se refugiara no Rio Grande do Sul.  

– Coronel, se o presidente está no território nacional, então ele exerce o cargo de acordo com a Constituição. Devemos obediência a ele. 

Pinguelli foi imediatamente afastado do comando do seu pelotão e colocado em regime de detenção no quartel.

Por conta deste episódio, respondeu ao inquérito da Comissão Geral de Investigações (CGI), presidida pelo general Estevão Taurino de Rezende. Durante o interrogatório, Pinguelli manteve o seu discurso legalista. Não foi indiciado, mas o episódio o deixou marcado entre os superiores como um provável comunista.

Sem vontade de permanecer nas Forças Armadas, Pinguelli decidiu se demitir do Exército. Foi surpreendido com a apresentação de uma vultosa fatura: para sair, ele teria de ressarcir o Exército pelo curso de Engenharia Elétrica que fizera no Instituto Militar de Engenharia (IME). O valor correspondia a vários anos do seu salário. Sem recursos, Pinguelli decidiu se defender judicialmente. Representado por Sobral Pinto, famoso por defender comunistas, ele conseguiu ganhar a causa em primeira instância. 

Pinguelli considerava o assunto encerrado quando descobriu que havia perdido a causa em segunda instância e precisou acionar mais uma vez Sobral Pinto. Reincorporado ao Exército, decidiu pedir uma licença médica. Quando se apresentou ao Hospital Central para ser examinado, qual não foi sua surpresa ao descobrir que ficaria detido no pavilhão dos doentes psiquiátricos. Só depois de vários dias no hospício conseguiu convencer um psiquiatra de que sua detenção fora motivada por razões políticas. Ao sair do hospital, sua primeira medida foi vender o carro para pagar a causa e finalmente deixar a farda.

.

Reafirmei no inquérito que eu cumprira meu dever constitucional, como militar, ao ficar do lado de um presidente eleito em pleno mandato. Isto eu podia falar com voz firme e convicção, pois os subversivos eram eles”

Pinguelli , extraído do livro Memórias – De Vargas a Lula

Resistência à ditadura militar

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Colégio Pedro II
Pinguelli jovem estudante
Na Academia Militar
Sobral Pinto

O batismo de Pinguelli na militância política se deu quando ele cursava o antigo Ginásio no Colégio Pedro II. Em 1956, os estudantes secundaristas se mobilizaram contra o aumento das passagens dos bondes e promoveram um quebra-quebra. Atacados pela Polícia Militar, foram, surpreendentemente, defendidos pela Polícia do Exército, enviada pelo governo de Juscelino Kubitschek. O episódio foi a sua primeira percepção do poder da população organizada e imprimiu no adolescente uma impressão favorável dos militares.
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Simpatia que o faria aceitar de boa vontade a recomendação do pai de que tentasse a carreira militar. Em 1961, quando Jânio Quadros renunciou à presidência, já cursava a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Pinguelli, que havia votado no candidato adversário de Jânio, Marechal Henrique Teixeira Lott, fez parte do grupo de oficiais e cadetes favoráveis à posse do vice João Goulart, combatida por muitos militares.

Em 2004, ele escreveria em um artigo que o golpe militar de 1964 começara ali, com uma profunda divisão entre as tropas. Quando os militares se puseram em marcha para derrubar o governo de Jango, Pinguelli já era segundo-tenente do Batalhão de Manutenção da Divisão Blindada, em São Cristóvão. Numa reunião de oficiais, ele não se calou quando ouviu o comandante do Batalhão afirmar que a presidência seria ocupada pelo presidente da Câmara dos Deputados, já que João Goulart se refugiara no Rio Grande do Sul.

– Coronel, se o presidente está no território nacional, então ele exerce o cargo de acordo com a Constituição. Devemos obediência a ele.

Pinguelli foi imediatamente afastado do comando do seu pelotão e colocado em regime de detenção no quartel. Por conta deste episódio, respondeu ao inquérito da Comissão Geral de Investigações (CGI), presidida pelo general Estevão Taurino de Rezende. Durante o interrogatório, Pinguelli manteve o seu discurso legalista. Não foi indiciado, mas o episódio o deixou marcado entre os superiores como um provável comunista.

Sem vontade de permanecer nas Forças Armadas, Pinguelli decidiu se demitir do Exército. Foi surpreendido com a apresentação de uma vultosa fatura: para sair, ele teria de ressarcir o Exército pelo curso de Engenharia Elétrica que fizera no Instituto Militar de Engenharia (IME). O valor correspondia a vários anos do seu salário. Sem recursos, Pinguelli decidiu se defender judicialmente. Representado por Sobral Pinto, famoso por defender comunistas, ele conseguiu ganhar a causa em primeira instância.

Pinguelli considerava o assunto encerrado quando descobriu que havia perdido a causa em segunda instância e precisou acionar mais uma vez Sobral Pinto. Reincorporado ao Exército, decidiu pedir uma licença médica. Quando se apresentou ao Hospital Central para ser examinado, qual não foi sua surpresa ao descobrir que ficaria detido no pavilhão dos doentes psiquiátricos. Só depois de vários dias no hospício conseguiu convencer um psiquiatra de que sua detenção fora motivada por razões políticas. Ao sair do hospital, sua primeira medida foi vender o carro para pagar a causa e finalmente deixar a farda.

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Reafirmei no inquérito que eu cumprira meu dever constitucional, como militar, ao ficar do lado de um presidente eleito em pleno mandato. Isto eu podia falar com voz firme e convicção, pois os subversivos eram eles”

Pinguelli , extraído do livro Memórias – De Vargas a Lula

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Militares da democracia, Episódio 2: O presidente decide não resistir – com depoimento de Pinguelli (Caliban, 2014)
Militares da democracia, Episódio 3: A história dos golpes militares – com depoimento de Pinguelli (Caliban, 2014)