Atuação internacional

Chomsky na UFRJ: a globalização pelo olhar do filósofo

Em 1996, um dos mais importantes pensadores do século 20 deu duas palestras na UFRJ. A Coppe e a Faculdade de Letras juntaram forças para trazer ao Rio de Janeiro o linguista, filósofo, sociólogo e anarquista Noam Chomsky, autor de mais de 150 livros e crítico vocal da política norte-americana. Na Letras, no dia 18/11, Chomsky falou sobre “Novos horizontes do estudo da linguagem e da mente”. No dia seguinte, na Coppe, abordou “O velho e o novo na ordem internacional”. “Na época, havia um grande debate sobre a globalização e Pinguelli logo pensou que este seria o tema para o Chomsky”, lembra Dominique Ribeiro, coordenadora de Comunicação da Coppe.

Felizmente a Universidade contava com um emissário para fazer o convite. Um aluno da Engenharia, Sergio Ferreira, fazia um programa de doutorado sanduíche no Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), onde Chomsky é professor emérito. Ferreira consultou Chomsky e, diante da resposta positiva, a universidade enviou o convite formal. A visita ganhou ainda o apoio do CNPq, do Instituto de Estudos Avançados da USP e da editora Scrita. Além do Rio de Janeiro, Chomsky fez um roteiro que o levou a São Paulo, na USP, Brasília (UNB), Belém (Museu Goeldi) e Maceió (UF de Alagoas). O intelectual também deu entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

O encontro na Coppe foi organizado no âmbito do Centro de Estudos Energéticos (Energe), projeto que havia se tornado um foco de resistência às privatizações de energia, e que mais tarde daria origem ao Instituto Virtual de Mudanças Globais (Ivig). Quando começaram os preparativos para a primeira visita do intelectual ao Brasil, a coordenadora Dominique se assustou. “Obviamente, nós esperávamos que fosse ter muita gente interessada. Mas começamos a receber mensagens de pessoas de outros países da América Latina, perguntando se teria lugar para hospedagem. Viriam caravanas! Meu Deus. E a equipe era pequena”, conta Dominique. Foi preciso contratar uma empresa de eventos para organizar as palestras, que tiveram, cada uma, cerca de 1 mil pessoas na plateia. Grandes jornais, como O Globo e a Folha, cobriram a conferência da Coppe.

É através desses relatos que sabemos que, na palestra, Chomsky ironizou a política americana (“É muito difícil aceitar a nossa doutrina, segundo a qual os ricos devem assaltar os pobres”) e analisou o apoio dos EUA ao golpe militar de 1964, argumentando que a prática de intervenções externas violentas com o tempo deu lugar a táticas mais sutis, como a difusão de ideologias convenientes para a manutenção da hegemonia americana. E ainda ironizou os intelectuais que o ouviam: “Se os intelectuais são aqueles que trabalham com a cabeça, refletem, eles não estão na universidade. Intelectual que merece esse título não é seduzido pelo poder e nem pelo marxismo”, relatou a reportagem de O Globo.

O conteúdo das palestras de Noam Chomsky foi reunido em um livro coordenado por Pinguelli, intitulado “Chomsky na UFRJ”.

Chomsky seguiu a tradição ética combativa de grandes intelectuais independentes inconformados com as injustiças da sociedade e com o sistema de poder e dominação do seu tempo”

Pinguelli

Chomsky na UFRJ: a globalização pelo olhar do filósofo

Em 1996, um dos mais importantes pensadores do século 20 deu duas palestras na UFRJ. A Coppe e a Faculdade de Letras juntaram forças para trazer ao Rio de Janeiro o linguista, filósofo, sociólogo e anarquista Noam Chomsky, autor de mais de 150 livros e crítico vocal da política norte-americana. Na Letras, no dia 18/11, Chomsky falou sobre “Novos horizontes do estudo da linguagem e da mente”. No dia seguinte, na Coppe, abordou “O velho e o novo na ordem internacional”. “Na época, havia um grande debate sobre a globalização e Pinguelli logo pensou que este seria o tema para o Chomsky”, lembra Dominique Ribeiro, coordenadora de Comunicação da Coppe.

Felizmente a Universidade contava com um emissário para fazer o convite. Um aluno da Engenharia, Sergio Ferreira, fazia um programa de doutorado sanduíche no Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), onde Chomsky é professor emérito. Ferreira consultou Chomsky e, diante da resposta positiva, a universidade enviou o convite formal. A visita ganhou ainda o apoio do CNPq, do Instituto de Estudos Avançados da USP e da editora Scrita. Além do Rio de Janeiro, Chomsky fez um roteiro que o levou a São Paulo, na USP, Brasília (UNB), Belém (Museu Goeldi) e Maceió (UF de Alagoas). O intelectual também deu entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

O encontro na Coppe foi organizado no âmbito do Centro de Estudos Energéticos (Energe), projeto que havia se tornado um foco de resistência às privatizações de energia, e que mais tarde daria origem ao Instituto Virtual de Mudanças Globais (Ivig). Quando começaram os preparativos para a primeira visita do intelectual ao Brasil, a coordenadora Dominique se assustou. “Obviamente, nós esperávamos que fosse ter muita gente interessada. Mas começamos a receber mensagens de pessoas de outros países da América Latina, perguntando se teria lugar para hospedagem. Viriam caravanas! Meu Deus. E a equipe era pequena”, conta Dominique. Foi preciso contratar uma empresa de eventos para organizar as palestras, que tiveram, cada uma, cerca de 1 mil pessoas na plateia. Grandes jornais, como O Globo e a Folha, cobriram a conferência da Coppe.

É através desses relatos que sabemos que, na palestra, Chomsky ironizou a política americana (“É muito difícil aceitar a nossa doutrina, segundo a qual os ricos devem assaltar os pobres”) e analisou o apoio dos EUA ao golpe militar de 1964, argumentando que a prática de intervenções externas violentas com o tempo deu lugar a táticas mais sutis, como a difusão de ideologias convenientes para a manutenção da hegemonia americana. E ainda ironizou os intelectuais que o ouviam: “Se os intelectuais são aqueles que trabalham com a cabeça, refletem, eles não estão na universidade. Intelectual que merece esse título não é seduzido pelo poder e nem pelo marxismo”, relatou a reportagem de O Globo.

O conteúdo das palestras de Noam Chomsky foi reunido em um livro coordenado por Pinguelli, intitulado “Chomsky na UFRJ”.

Chomsky seguiu a tradição ética combativa de grandes intelectuais independentes inconformados com as injustiças da sociedade e com o sistema de poder e dominação do seu tempo”

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