Pinguelli na Coppe: gestão e inovação
Quem conhece a história da Coppe – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – sabe que a trajetória da instituição foi profundamente influenciada por Luiz Pinguelli Rosa. Admirador do fundador, Alberto Luiz Coimbra, Pinguelli deu continuidade à obra do mestre, contribuindo decisivamente para fazer da Coppe a maior instituição de ensino e pesquisa em Engenharia da América Latina.
Eleito diretor por cinco mandatos, Pinguelli foi um administrador ousado e inovador, que implantou e ampliou programas de pesquisa, melhorou instalações físicas, angariou recursos financeiros e, principalmente, tornou a Coppe um centro de conhecimento a serviço da sociedade, inserindo-a no debate público.
A Coppe nasceu em março de 1963, com o nome de Curso de Mestrado em Engenharia Química da Universidade do Brasil, a antiga denominação da atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Numa época em que a maioria das universidades brasileiras ainda não fazia pesquisa, nem, tampouco, havia cursos de mestrado e doutorado, Coimbra decidiu implantar na UFRJ um centro que aliasse a Engenharia à pesquisa científica e pudesse, assim, apoiar o desenvolvimento industrial e tecnológico do Brasil.
Quando Pinguelli foi eleito para o seu primeiro mandato como diretor da Coppe, em 1986, já tinha quase 20 anos de relação com a instituição, onde havia concluído o mestrado em 1969 e ocupado os cargos de professor assistente, coordenador e professor titular do Programa de Engenharia Nuclear. Além disso, havia liderado a criação do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Energético.
O fim do governo militar permitiu que fossem realizadas eleições para cargos-chave da universidade. Horácio Macedo foi eleito reitor da UFRJ e via com olhar crítico o modelo implantado por Coimbra na Coppe, que captava recursos de instituições externas à universidade para oferecer remuneração complementar para docentes e funcionários, além de bolsas para os alunos. Pinguelli acreditava que sistema era essencial para manter pesquisadores trabalhando em tempo integral e com dedicação exclusiva à universidade. “Em função desse antagonismo entre diferentes visões da universidade, candidatei-me a diretor”, lembra Pinguelli, em sua autobiografia.
Vitorioso, seu primeiro ato foi trazer de volta para a Universidade professores que haviam sido afastados por perseguições políticas, inclusive o próprio Luiz Alberto Coimbra. “A ordem do dia era ousar. E a Coppe ousou”, continua ele no livro.
Neste primeiro mandato, Pinguelli deu início à modernização das instalações de pesquisa, uma das marcas das suas gestões, e criou novos núcleos, como o de computação gráfica e computação paralela (que daria origem ao laboratório de Computação Avançada da Coppe). Daria ainda seguimento às pesquisas em robótica, Engenharia Química, Engenharia Oceânica e outras áreas.
Amigo e parceiro em inúmeros projetos, o diretor da Coppetec e presidente do Confies, Fernando Peregrino, destaca a qualidade de Pinguelli como gestor. “Ele tinha uma visão abrangente, multidisciplinar, e combinava a centralização da política institucional com a descentralização operacional. Delegava e estimulava os seus colaboradores que faziam e não apenas falavam. Se afastava dos últimos e incentivava os primeiros”, descreve.
Pinguelli não se deixava intimidar pela falta de recursos. Não costumava rejeitar projetos por limitações no orçamento. Se lhe traziam uma ideia, ouvia com atenção, animava-se, fazia contribuições e logo começava a planejar como viabilizar a proposta. “Ele foi um grande lutador pelos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o FNDCT, principal fundo de apoio para pesquisa nas universidades. Ia para o Congresso para lutar contra os cortes que o governo volta e meia queria implantar e se encontrava com os gestores que podiam garantir os recursos orçamentários. Sabia que sem meios não se faz uma gestão e por isso dava prioridade a captar dinheiro”, recorda Peregrino.
Inquieto, Pingueli sempre teve intensa atuação civil e política. Como gestor da Coppe, nunca se limitou burocraticamente à missão acadêmica. Já no seu primeiro mandato, Pinguelli participou da comissão da Sociedade Brasileira de Física que investigou a construção de instalações militares na Serra do Cachimbo (PA) para a realização de testes com artefatos nucleares. A Coppe se viu, assim, envolvida na discussão sobre os fins do programa nuclear brasileiro.
Muitas vezes, a conexão entre a pesquisa e os temas que mobilizavam a sociedade se dava através de artigos de Pinguelli e outros pesquisadores publicados na imprensa. Quando, em setembro de 1989, um avião comercial da Varig teve de fazer um pouso de emergência na Amazônia, depois de voar horas em sentido contrário ao que previsto na rota, Pinguelli apontou que a precariedade do sistema de controle de tráfego aéreo era tão responsável pelo acidente quanto o piloto. A pedido da Associação de Pilotos, Pinguelli depôs na comissão da Aeronáutica que investigou o acidente, no qual morreram 12 pessoas.
“Como bom comunicador que era, ele levava essas posições através da mídia. Havia grupos que achavam que isso era promoção pessoal e que a universidade deveria continuar voltada para si mesma. Mas a universidade tem que estar a serviço do desenvolvimento social, econômico e científico do país. E o Pinguelli fez isso muito bem. Ele fez uma ponte entre a universidade e a sociedade”, analisa o professor da Coppe Aquilino Senra.
Foi no segundo mandato de Pinguelli como diretor, entre 1994 e 1997, que a Coppe aprofundou sua conexão com a sociedade. Convidada em 1995 para coordenar a assessoria de imprensa da Coppe, a jornalista Dominique Ribeiro lembra que na primeira conversa Pinguelli já apresentou como grande prioridade a difusão da Ciência para um público amplo. “Ele queria um projeto de democratização da informação e do conhecimento, levar a universidade para o debate público. A ideia era que a produção da Universidade pudesse atravessar muros e alcançar o maior número possível de pessoas”, contou Dominique em depoimento para este site.
Pinguelli via a comunicação como uma ferramenta de gestão e pensava estrategicamente o assunto. Sabia quando uma reportagem podia influenciar a aprovação de um projeto na Universidade ou favorecer a obtenção de recursos. “Ele às vezes falava: ‘Nós estamos discutindo determinado tema e isso não está andando. Eu vou precisar que você coloque isso lá fora para que nós possamos discutir melhor internamente, para abrir esse caminho”, recorda a assessora.
Sob a sua direção, a Coppe passou a atuar de forma técnica em assuntos de interesse público. Em 1996, quando chuvas torrenciais deixaram mais de cem mortos e 6500 desabrigados no Rio de Janeiro, a Coppe organizou o Seminário Prevenção e Controle dos Efeitos dos Temporais no Rio de Janeiro, que deu origem ao livro Tormentas Cariocas.
A reforma do viaduto do Joá, que liga os bairros da Barra da Tijuca e São Conrado, no Rio de Janeiro, foi outro momento em que a Coppe teve importante papel na defesa do interesse público. Em 2012, a Coppe divulgou estudo coordenado pelo professor Eduardo de Miranda Batista, do Programa de Engenharia Civil (PEC), que apontava a necessidade de reconstrução do elevado, em estado de grande deterioração. A Prefeitura relutava em interromper o tráfego no viaduto, mas Luiz Roberto Miranda e Pinguelli defenderam publicamente a posição da substituição das estruturas, que foi afinal aceita.
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O Projeto I-2000
Talvez a principal realização de Pinguelli na Coppe tenha sido a construção do I-2000, o maior complexo de laboratórios da América Latina, com 10 mil m2 de área e 80 laboratórios. Ao iniciar o segundo mandato, Pinguelli colocou com meta recuperar o Centro de Tecnologia, em péssimas condições. Mas não havia recursos para isso. Com sua visão de comunicação, Pinguelli tratou de botar a boca no mundo. Uma reportagem do Jornal Nacional mostrou a precariedade em que funcionavam sofisticados laboratórios, instalados em cubículos que chegavam a alagar em períodos de chuvas. “Lembrava Dr. Frankenstein na sua caverna”, escreveu Pinguelli.
A reportagem sensibilizou o Ministro da Educação, Murilo Hingel, que concedeu parte dos recursos necessários para a obra. Pinguelli buscou apoio também do Ministro de Ciência e Tecnologia, Israel Vargas, que telefonou para a Petrobras e obteve a colaboração do presidente da empresa. A Petrobras tornou-se a principal financiadora do novo complexo. “A dificuldade principal era fazer que os pesquisadores acreditassem que o projeto seria uma realidade, já que seus laboratórios deveriam ser demolidos. Era preciso remover cada laboratório para outro espaço improvisado enquanto a obra seguia”, lembra o amigo Fernando Peregrino, que coordenou o empreendimento. O complexo de 80 laboratórios e 10 mil metros quadrados foi inaugurado em 1998. Em 2022, após a morte de Pinguelli, foi renomeado Complexo de Ensino e Pesquisa de Engenharia Luiz Pinguelli Rosa.
Eleito novamente diretor da Coppe em 2002, Pinguelli ficou pouco tempo à frente da instituição. Durante o primeiro ano de mandato, o físico participou da elaboração das propostas da área de Energia para o programa do candidato à presidência Luís Inácio Lula da Silva. Com a vitória de Lula, deixou a instituição para ocupar o cargo de presidente da Eletrobras.
Em 2004, Pinguelli pediu demissão da estatal e retornou à Coppe. Em 2007, Pinguelli foi eleito para ainda um quarto mandato de três anos, e reeleito em 2011. Nesse período, criou o Centro de Tecnologia 2, um conjunto de quatro prédios para sediar a diretoria, a Coppetec e outras instalações; implantou novos laboratórios e apostou em tecnologias limpas, como o gerador de eletricidade com ondas do mar, o trem de levitação magnética e o ônibus a hidrogênio.
Nos anos 2000, Pinguelli também contribuiu para a internacionalização da Coppe, promovendo a sua primeira instituição formal de cooperação direta e sistemática com um país estrangeiro: o Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia, com sede em Pequim.
Entre tantas realizações, Dominique considera que a grande realização de Pinguelli à frente da Coppe não foi uma obra ou laboratório. “Foi a liderança. Ele reconhecia todas as diferenças e individualidades, mas reforçava sempre que, para ter uma instituição forte, atuante, cada um precisava se doar para essa instituição. Isso foi primordial”.
Não há nada no Brasil como a Coppe, uma instituição que alia excelência acadêmica e participação em projetos com a indústria. Tudo o que conseguimos se deve ao fato de captarmos recursos e os gastarmos na universidade. Nós investimos na universidade.“
Pinguelli
Pinguelli na Coppe/UFRJ: gestão e inovação
Quem conhece a história da Coppe – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – sabe que a trajetória da instituição foi profundamente influenciada por Luiz Pinguelli Rosa. Admirador do fundador, Alberto Luiz Coimbra, Pinguelli deu continuidade à obra do mestre, contribuindo decisivamente para fazer da Coppe a maior instituição de ensino e pesquisa em Engenharia da América Latina.
Eleito diretor por cinco mandatos, Pinguelli foi um administrador ousado e inovador, que implantou e ampliou programas de pesquisa, melhorou instalações físicas, angariou recursos financeiros e, principalmente, tornou a Coppe um centro de conhecimento a serviço da sociedade, inserindo-a no debate público.
A Coppe nasceu em março de 1963, com o nome de Curso de Mestrado em Engenharia Química da Universidade do Brasil, a antiga denominação da atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Numa época em que a maioria das universidades brasileiras ainda não fazia pesquisa, nem, tampouco, havia cursos de mestrado e doutorado, Coimbra decidiu implantar na UFRJ um centro que aliasse a Engenharia à pesquisa científica e pudesse, assim, apoiar o desenvolvimento industrial e tecnológico do Brasil.
Quando Pinguelli foi eleito para o seu primeiro mandato como diretor da Coppe, em 1986, já tinha quase 20 anos de relação com a instituição, onde havia concluído o mestrado em 1969 e ocupado os cargos de professor assistente, coordenador e professor titular do Programa de Engenharia Nuclear. Além disso, havia liderado a criação do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Energético.
O fim do governo militar permitiu que fossem realizadas eleições para cargos-chave da universidade. Horácio Macedo foi eleito reitor da UFRJ e via com olhar crítico o modelo implantado por Coimbra na Coppe, que captava recursos de instituições externas à universidade para oferecer remuneração complementar para docentes e funcionários, além de bolsas para os alunos. Pinguelli acreditava que sistema era essencial para manter pesquisadores trabalhando em tempo integral e com dedicação exclusiva à universidade. “Em função desse antagonismo entre diferentes visões da universidade, candidatei-me a diretor”, lembra Pinguelli, em sua autobiografia.
Vitorioso, seu primeiro ato foi trazer de volta para a Universidade professores que haviam sido afastados por perseguições políticas, inclusive o próprio Luiz Alberto Coimbra. “A ordem do dia era ousar. E a Coppe ousou”, continua ele no livro.
Neste primeiro mandato, Pinguelli deu início à modernização das instalações de pesquisa, uma das marcas das suas gestões, e criou novos núcleos, como o de computação gráfica e computação paralela (que daria origem ao laboratório de Computação Avançada da Coppe). Daria ainda seguimento às pesquisas em robótica, Engenharia Química, Engenharia Oceânica e outras áreas.
Amigo e parceiro em inúmeros projetos, o diretor da Coppetec e presidente do Confies, Fernando Peregrino, destaca a qualidade de Pinguelli como gestor. “Ele tinha uma visão abrangente, multidisciplinar, e combinava a centralização da política institucional com a descentralização operacional. Delegava e estimulava os seus colaboradores que faziam e não apenas falavam. Se afastava dos últimos e incentivava os primeiros”, descreve.
Pinguelli não se deixava intimidar pela falta de recursos. Não costumava rejeitar projetos por limitações no orçamento. Se lhe traziam uma ideia, ouvia com atenção, animava-se, fazia contribuições e logo começava a planejar como viabilizar a proposta. “Ele foi um grande lutador pelos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o FNDCT, principal fundo de apoio para pesquisa nas universidades. Ia para o Congresso para lutar contra os cortes que o governo volta e meia queria implantar e se encontrava com os gestores que podiam garantir os recursos orçamentários. Sabia que sem meios não se faz uma gestão e por isso dava prioridade a captar dinheiro”, recorda Peregrino.
Inquieto, Pingueli sempre teve intensa atuação civil e política. Como gestor da Coppe, nunca se limitou burocraticamente à missão acadêmica. Já no seu primeiro mandato, Pinguelli participou da comissão da Sociedade Brasileira de Física que investigou a construção de instalações militares na Serra do Cachimbo (PA) para a realização de testes com artefatos nucleares. A Coppe se viu, assim, envolvida na discussão sobre os fins do programa nuclear brasileiro.
Muitas vezes, a conexão entre a pesquisa e os temas que mobilizavam a sociedade se dava através de artigos de Pinguelli e outros pesquisadores publicados na imprensa. Quando, em setembro de 1989, um avião comercial da Varig teve de fazer um pouso de emergência na Amazônia, depois de voar horas em sentido contrário ao que previsto na rota, Pinguelli apontou que a precariedade do sistema de controle de tráfego aéreo era tão responsável pelo acidente quanto o piloto. A pedido da Associação de Pilotos, Pinguelli depôs na comissão da Aeronáutica que investigou o acidente, no qual morreram 12 pessoas.
“Como bom comunicador que era, ele levava essas posições através da mídia. Havia grupos que achavam que isso era promoção pessoal e que a universidade deveria continuar voltada para si mesma. Mas a universidade tem que estar a serviço do desenvolvimento social, econômico e científico do país. E o Pinguelli fez isso muito bem. Ele fez uma ponte entre a universidade e a sociedade”, analisa o professor da Coppe Aquilino Senra.
Foi no segundo mandato de Pinguelli como diretor, entre 1994 e 1997, que a Coppe aprofundou sua conexão com a sociedade. Convidada em 1995 para coordenar a assessoria de imprensa da Coppe, a jornalista Dominique Ribeiro lembra que na primeira conversa Pinguelli já apresentou como grande prioridade a difusão da Ciência para um público amplo. “Ele queria um projeto de democratização da informação e do conhecimento, levar a universidade para o debate público. A ideia era que a produção da Universidade pudesse atravessar muros e alcançar o maior número possível de pessoas”, contou Dominique em depoimento para este site.
Pinguelli via a comunicação como uma ferramenta de gestão e pensava estrategicamente o assunto. Sabia quando uma reportagem podia influenciar a aprovação de um projeto na Universidade ou favorecer a obtenção de recursos. “Ele às vezes falava: ‘Nós estamos discutindo determinado tema e isso não está andando. Eu vou precisar que você coloque isso lá fora para que nós possamos discutir melhor internamente, para abrir esse caminho”, recorda a assessora.
Sob a sua direção, a Coppe passou a atuar de forma técnica em assuntos de interesse público. Em 1996, quando chuvas torrenciais deixaram mais de cem mortos e 6500 desabrigados no Rio de Janeiro, a Coppe organizou o Seminário Prevenção e Controle dos Efeitos dos Temporais no Rio de Janeiro, que deu origem ao livro Tormentas Cariocas.
A reforma do viaduto do Joá, que liga os bairros da Barra da Tijuca e São Conrado, no Rio de Janeiro, foi outro momento em que a Coppe teve importante papel na defesa do interesse público. Em 2012, a Coppe divulgou estudo coordenado pelo professor Eduardo de Miranda Batista, do Programa de Engenharia Civil (PEC), que apontava a necessidade de reconstrução do elevado, em estado de grande deterioração. A Prefeitura relutava em interromper o tráfego no viaduto, mas Luiz Roberto Miranda e Pinguelli defenderam publicamente a posição da substituição das estruturas, que foi afinal aceita.
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O Projeto I-2000
Talvez a principal realização de Pinguelli na Coppe tenha sido a construção do I-2000, o maior complexo de laboratórios da América Latina, com 10 mil m2 de área e 80 laboratórios. Ao iniciar o segundo mandato, Pinguelli colocou com meta recuperar o Centro de Tecnologia, em péssimas condições. Mas não havia recursos para isso. Com sua visão de comunicação, Pinguelli tratou de botar a boca no mundo. Uma reportagem do Jornal Nacional mostrou a precariedade em que funcionavam sofisticados laboratórios, instalados em cubículos que chegavam a alagar em períodos de chuvas. “Lembrava Dr. Frankenstein na sua caverna”, escreveu Pinguelli.
A reportagem sensibilizou o Ministro da Educação, Murilo Hingel, que concedeu parte dos recursos necessários para a obra. Pinguelli buscou apoio também do Ministro de Ciência e Tecnologia, Israel Vargas, que telefonou para a Petrobras e obteve a colaboração do presidente da empresa. A Petrobras tornou-se a principal financiadora do novo complexo. “A dificuldade principal era fazer que os pesquisadores acreditassem que o projeto seria uma realidade, já que seus laboratórios deveriam ser demolidos. Era preciso remover cada laboratório para outro espaço improvisado enquanto a obra seguia”, lembra o amigo Fernando Peregrino, que coordenou o empreendimento. O complexo de 80 laboratórios e 10 mil metros quadrados foi inaugurado em 1998. Em 2022, após a morte de Pinguelli, foi renomeado Complexo de Ensino e Pesquisa de Engenharia Luiz Pinguelli Rosa.
Eleito novamente diretor da Coppe em 2002, Pinguelli ficou pouco tempo à frente da instituição. Durante o primeiro ano de mandato, o físico participou da elaboração das propostas da área de Energia para o programa do candidato à presidência Luís Inácio Lula da Silva. Com a vitória de Lula, deixou a instituição para ocupar o cargo de presidente da Eletrobras.
Em 2004, Pinguelli pediu demissão da estatal e retornou à Coppe. Em 2007, Pinguelli foi eleito para ainda um quarto mandato de três anos, e reeleito em 2011. Nesse período, criou o Centro de Tecnologia 2, um conjunto de quatro prédios para sediar a diretoria, a Coppetec e outras instalações; implantou novos laboratórios e apostou em tecnologias limpas, como o gerador de eletricidade com ondas do mar, o trem de levitação magnética e o ônibus a hidrogênio.
Nos anos 2000, Pinguelli também contribuiu para a internacionalização da Coppe, promovendo a sua primeira instituição formal de cooperação direta e sistemática com um país estrangeiro: o Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia, com sede em Pequim.
Entre tantas realizações, Dominique considera que a grande realização de Pinguelli à frente da Coppe não foi uma obra ou laboratório. “Foi a liderança. Ele reconhecia todas as diferenças e individualidades, mas reforçava sempre que, para ter uma instituição forte, atuante, cada um precisava se doar para essa instituição. Isso foi primordial”.
Não há nada no Brasil como a Coppe, uma instituição que alia excelência acadêmica e participação em projetos com a indústria. Tudo o que conseguimos se deve ao fato de captarmos recursos e os gastarmos na universidade. Nós investimos na universidade”
Pinguelli
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PUBLICAÇÕES
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ARTIGOS
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MATÉRIAS, ENTREVISTAS E REPORTAGENS
- Diretor da Coppe vê sua posse como fato político (O Globo, 27 dez 1985)
- Coppe abrirá laboratórios e mostrará suas pesquisas (O Globo, 15 mar 1987)
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- Coppe aprova Secretaria de Ciência e Tecnologia (Folha de São Paulo, 26 mar 1989)
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- Luiz Pinguelli Rosa Assume a Direção da Coppe (Planeta Coppe, 24 jan 2002)
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VÍDEOS