China e Brasil: diplomacia do conhecimento
Em janeiro de 2009, a inauguração do Centro China-Brasil de Tecnologias Inovadoras, Mudanças Climáticas e Energia foi um marco na internacionalização da Coppe e da UFRJ. Pinguelli Rosa, como diretor da Coppe, e o vice-Presidente do Conselho da Universidade de Tsinghua, He Jiankun, assinaram o contrato de criação da instituição, numa cerimônia em Pequim que reuniu cerca de 140 pessoas, entre pesquisadores e dirigentes da Universidade, diretores da Coppe, o vice-ministro do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro e representantes do governo chinês e de empresas chinesas e brasileiras.
O percurso que levaria à criação do Centro começara anos antes. Em 1999, o professor Jian Su, professor do Departamento de Energia Nuclear, voltou à China, seu país natal, para explorar possibilidades de cooperação com universidades chinesas. “Mas na época acho que as relações entre os dois países ainda não tinham energia suficiente para que a ideia avançasse”, conta ele.
Nos primeiros anos do século 21, o contexto já era diferente. Enquanto a economia brasileira crescia ano a ano, a China se apresentava como um parceiro comercial cada vez mais importante do Brasil. Nada mais natural, portanto, que as alianças comerciais se traduzissem em parcerias na área de Ciência e Tecnologia. Em 2004, a Coppe (representada pela então diretora da Coppe Angela Uller e pelos professores Pinguelli Rosa, Suzana Kahn Ribeiro, Segen Estefen e José Luís Drummond Alves) participou da Expo Brasil China, uma celebração de 30 anos do reatamento das relações entre os dois países, inaugurada com a visita do presidente Luís Inácio Lula da Silva a Pequim. No mesmo ano, o presidente chinês, Hu Jintao, visitou o Brasil. Dois anos depois, em 2006, Brasil, Rússia, Índia e China constituíram uma aliança de coordenação política, que mais tarde, com o acréscimo da África do Sul, seria conhecida como BRICS.
Nos primeiros meses de 2008, Pinguelli recebeu uma visita do amigo e jornalista Wladimir Pomar, um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil (PC do B) e do PT. “Ele tinha contatos na China e incentivou Pinguelli a buscar uma parceria com uma universidade chinesa”, lembra Aquilino Senra, na época professor da área de Engenharia Nuclear. Não demorou para que uma delegação partisse para a China, chefiada por Pinguelli e integrada por Aquilino Senra, vice-diretor da Coppe; Segen Estefen, diretor de Pesquisa e Tecnologia da Coppe; Fernando Peregrino, diretor-executivo da Coppetec; e o professor Su Jian, único a falar mandarim.
Na China, o grupo visitou a Universidade de Chonquing, uma das maiores províncias chinesas; a Academia de Ciências da China e, por último, a Universidade Tsinghua, uma das principais instituições chinesas. “Essa universidade é como se fosse a COPPE da UFRJ. Eles dizem que são o MIT da China, e nós dizemos que somos o MIT do Brasil”, dizia Su Jian na época. Assim como a Coppe, a universidade também tinha um papel importante na discussão internacional sobre mudanças climáticas.
Assim começou a se estruturar o Centro China-Brasil. Apesar de algumas diferenças entre brasileiros e chineses, Pinguelli e a delegação brasileira não desistiram. “O professor Pinguelli determinou que fizéssemos acordo com eles, superando as dificuldades. Eu fico admirado com a visão que ele demonstrou”, lembra Su Jian. “Os nossos primeiros contatos não foram simples. Havia sempre uma certa desconfiança, que ao longo do tempo foi vencida. Hoje eles são parceiros abertos”, relata Aquilino.
Parada frequente para pesquisadores e empreendedores que cruzam o eixo Brasil-China, ao longo de 14 anos, o Centro realizou visitas de dirigentes governamentais e especialistas, workshops, seminários e programas de intercâmbio de estudantes promoveram a troca de conhecimento entre pesquisadores brasileiros e chineses. Como o nome indica, a instituição tem foco no estudo de tecnologias inovadoras e sustentáveis, como a produção de biodiesel; a geração de energia eólica e solar; e ônibus híbridos movidos a hidrogênio. Ao todo, são doze áreas de trabalho: Energias Renováveis; Bioeconomia; Mudanças Climáticas; Florestas e Clima; Planejamento Energético; Cidades Inteligentes; Mobilidade – Veículos Híbridos; Engenharia de Petróleo; Segurança Industrial; Transferência de Tecnologia; Empreendedorismo e Inovação e Programas de Treinamento.
A Coppe e a Universidade de Tsinghua poderão dar continuidade à colaboração que vem ocorrendo nos últimos anos e poderão ampliar ainda mais o leque de projetos a serem desenvolvidos. Isso representa uma ampla troca de conhecimento entre o Brasil e a China em diferentes segmentos do setor tecnológico ”
Pinguelli
China e Brasil: diplomacia do conhecimento
Em janeiro de 2009, a inauguração do Centro China-Brasil de Tecnologias Inovadoras, Mudanças Climáticas e Energia foi um marco na internacionalização da Coppe e da UFRJ. Pinguelli Rosa, como diretor da Coppe, e o vice-Presidente do Conselho da Universidade de Tsinghua, He Jiankun, assinaram o contrato de criação da instituição, numa cerimônia em Pequim que reuniu cerca de 140 pessoas, entre pesquisadores e dirigentes da Universidade, diretores da Coppe, o vice-ministro do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro e representantes do governo chinês e de empresas chinesas e brasileiras.
O percurso que levaria à criação do Centro começara anos antes. Em 1999, o professor Jian Su, professor do Departamento de Energia Nuclear, voltou à China, seu país natal, para explorar possibilidades de cooperação com universidades chinesas. “Mas na época acho que as relações entre os dois países ainda não tinham energia suficiente para que a ideia avançasse”, conta ele.
Nos primeiros anos do século 21, o contexto já era diferente. Enquanto a economia brasileira crescia ano a ano, a China se apresentava como um parceiro comercial cada vez mais importante do Brasil. Nada mais natural, portanto, que as alianças comerciais se traduzissem em parcerias na área de Ciência e Tecnologia. Em 2004, a Coppe (representada pela então diretora da Coppe Angela Uller e pelos professores Pinguelli Rosa, Suzana Kahn Ribeiro, Segen Estefen e José Luís Drummond Alves) participou da Expo Brasil China, uma celebração de 30 anos do reatamento das relações entre os dois países, inaugurada com a visita do presidente Luís Inácio Lula da Silva a Pequim. No mesmo ano, o presidente chinês, Hu Jintao, visitou o Brasil. Dois anos depois, em 2006, Brasil, Rússia, Índia e China constituíram uma aliança de coordenação política, que mais tarde, com o acréscimo da África do Sul, seria conhecida como BRICS.
Nos primeiros meses de 2008, Pinguelli recebeu uma visita do amigo e jornalista Wladimir Pomar, um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil (PC do B) e do PT. “Ele tinha contatos na China e incentivou Pinguelli a buscar uma parceria com uma universidade chinesa”, lembra Aquilino Senra, na época professor da área de Engenharia Nuclear. Não demorou para que uma delegação partisse para a China, chefiada por Pinguelli e integrada por Aquilino Senra, vice-diretor da Coppe; Segen Estefen, diretor de Pesquisa e Tecnologia da Coppe; Fernando Peregrino, diretor-executivo da Coppetec; e o professor Su Jian, único a falar mandarim.
Na China, o grupo visitou a Universidade de Chonquing, uma das maiores províncias chinesas; a Academia de Ciências da China e, por último, a Universidade Tsinghua, uma das principais instituições chinesas. “Essa universidade é como se fosse a COPPE da UFRJ. Eles dizem que são o MIT da China, e nós dizemos que somos o MIT do Brasil”, dizia Su Jian na época. Assim como a Coppe, a universidade também tinha um papel importante na discussão internacional sobre mudanças climáticas.
Assim começou a se estruturar o Centro China-Brasil. Apesar de algumas diferenças entre brasileiros e chineses, Pinguelli e a delegação brasileira não desistiram. “O professor Pinguelli determinou que fizéssemos acordo com eles, superando as dificuldades. Eu fico admirado com a visão que ele demonstrou”, lembra Su Jian. “Os nossos primeiros contatos não foram simples. Havia sempre uma certa desconfiança, que ao longo do tempo foi vencida. Hoje eles são parceiros abertos”, relata Aquilino.
Parada frequente para pesquisadores e empreendedores que cruzam o eixo Brasil-China, ao longo de 14 anos, o Centro realizou visitas de dirigentes governamentais e especialistas, workshops, seminários e programas de intercâmbio de estudantes promoveram a troca de conhecimento entre pesquisadores brasileiros e chineses. Como o nome indica, a instituição tem foco no estudo de tecnologias inovadoras e sustentáveis, como a produção de biodiesel; a geração de energia eólica e solar; e ônibus híbridos movidos a hidrogênio. Ao todo, são doze áreas de trabalho: Energias Renováveis; Bioeconomia; Mudanças Climáticas; Florestas e Clima; Planejamento Energético; Cidades Inteligentes; Mobilidade – Veículos Híbridos; Engenharia de Petróleo; Segurança Industrial; Transferência de Tecnologia; Empreendedorismo e Inovação e Programas de Treinamento.
A Coppe e a Universidade de Tsinghua poderão dar continuidade à colaboração que vem ocorrendo nos últimos anos e poderão ampliar ainda mais o leque de projetos a serem desenvolvidos. Isso representa uma ampla troca de conhecimento entre o Brasil e a China em diferentes segmentos do setor tecnológico ”
Pinguelli , extraído do livro Memórias – De Vargas a Lula
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