Pinguelli, presente


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Exatamente um ano após a morte de Luiz Pinguelli Rosa, a comunidade científica e acadêmica do Rio de Janeiro se reuniu para homenagear o cientista. Realizado na sexta-feira, 3 de março, o encontro organizado pelo Confies e Academia Brasileira de Ciências (ABC) lotou o auditório da Academia com cerca de 180 pesquisadores, acadêmicos, professores, políticos, estudantes e representantes do poder público – entre eles, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.

A ministra fez um discurso emocionado sobre o físico, que chamou de “um brasileiro visionário, que dedicou sua vida à construção de um país mais justo e solidário”. “Pinguelli soube como poucos transitar com a mesma facilidade e liderança pelas áreas das exatas e das humanidades. Talvez por isso mesmo compreendesse tanto a urgência de uma política econômica pautada no desenvolvimento sustentável e na redução das desigualdades”, disse Luciana Santos, que também ressaltou seu caráter pacifista e seu papel na defesa de agendas em favor da ciência brasileira.

A ministra lembrou o período de Pinguelli na presidência da Eletrobras e sua luta para que a empresa continuasse como patrimônio do povo brasileiro. “Era um “defensor da soberania e da redução da dependência externa do Brasil em áreas estratégicas”, destacou. Ela também ressaltou a visão do especialista em política energética, lembrando que ele “foi dos primeiros a perceber a importância de que o país tivesse uma matriz energética diversificada, com participação das energias eólica, solar e nuclear – o que é o desafio do momento atual”.

Os demais integrantes da mesa também aplaudiram o legado de Pinguelli Rosa. Como anfitriã, a presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader, abriu a homenagem declarando o colega “um cientista, gestor, um brasileiro que tanto fez e continua fazendo, por que as gerações que ele formou continuam na luta”.

Diretor da Coppe/UFRJ, Romildo Toledo lembrou a importância do professor para a instituição, que presidiu por cinco vezes. “Pinguelli entendia a dimensão social do conhecimento – o conhecimento que gera emprego, cultura, desenvolvimento. Nós estamos felizes por ver a sua memória ser resgatada neste momento. Através deste site, Pinguelli estará sempre presente entre nós”.

Fernando Peregrino, amigo de Pinguelli por 40 anos e parceiro do cientista em inúmeros projetos e ações, fez um relato pessoal. “Ele era muito audacioso e corajoso. E era leal. Não deixava os amigos para trás”, disse Peregrino, que é presidente do Confies e diretor da Fundação Coppetec. Citando realizações do amigo, como a construção do complexo de laboratórios I-2000, na Coppe, e a recuperação do prédio do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, Peregrino encerrou sua fala chamando: “Luiz Pinguelli Rosa”. Em coro, o público respondeu: “Presente!”.

A deputada estadual Elika Takimoto (PT) entregou ao filho de Pinguelli, Luiz Eduardo Lomba Rosa, representante da família, uma moção de aplausos e louvor da Alerj. Também estavam presentes os demais filhos de Pinguelli, Luiz Fernando Lomba Rosa e Leonardo Pinguelli, além do irmão Sergio Rosa e da nora Beatriz Alves Pinto.

Luiz Eduardo Rosa foi responsável pelo desenvolvimento do site, apresentado à plateia por André Spitz, outro grande amigo do homenageado e presidente do Coep Brasil – Rede Nacional de Mobilização Social. “A ideia é manter viva a memória de Pinguelli e contribuir para que novas lideranças continuem as suas lutas”, explicou. No futuro, os documentos do cientista poderão ganhar um novo endereço: a ministra Luciana Santos ofereceu à família que os guardados e Pinguelli Rosa passem a integrar o acervo do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST).
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Acadêmicos

Encerrada a homenagem, o evento continuou com uma troca entre a ministra e representantes de organizações acadêmicas, que trouxeram pontos relacionados à política para a área de Ciência e Tecnologia. Estavam presentes o presidente da Academia Nacional de Engenharia, Francis Bogossian; o presidente da Academia Nacional de Medicina, Francisco José Sampaio e o historiador José Murilo de Carvalho, representante da Academia Brasileira de Letras (ABL)

Francisco José Sampaio ressaltou importância de investir nas bolsas de iniciação científica, “pois é dali que sai o futuro”. E advertiu Luciana Santos, entre risos: “A gente vai lhe dar algum tempo para arrumar a casa. Mas não tenha dúvida de que daqui a seis meses vamos começar a pressão”.

A presidente da ABC, Helena Nader, pediu à ministra que se posicionasse sobre temas como a liberação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e a recomposição do valor das bolsas de graduação e pós. A ministra Luciana Santos assumiu o compromisso de que o governo enviará ao Congresso um projeto de lei para recompor os R$ 4,2 bilhões que haviam sido retirados do FNDCT por meio de um veto presidencial no orçamento desse ano.

Também fez parte da mesa o secretário-executivo do MCTI, Luís Manoel Fernandes, que saudou o evento e a memória do professor: “A melhor homenagem que se pode fazer é materializar uma ideia: o Brasil voltou. A democracia voltou. A ciência voltou. E o Pinguelli voltou. Ele está vivo aqui”.
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