por Roberto Pereira D’Araújo, diretor do ILUMINA

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Estive em algumas situações, a meu ver, históricas, com o amigo Pinguelli. Depois de um período na COPPE onde pude fazer algumas palestras e realizar estudos sobre o setor elétrico, fiz parte de diversas reuniões no Instituto Cidadania para escrever e publicar o livreto “Diretrizes e Linhas de Ação para o Setor Elétrico Brasileiro”, em 2002.

O racionamento de 2001 foi um tema importante para a eleição de 2002, uma vez que, desde 1995, o modelo privado mercantil estava implantado. Como alguns sabem, o racionamento não foi provocado apenas por uma seca hidrológica. Na realidade, houve um hiato de investimentos causado pelo anúncio de privatização da Eletrobras, pois o capital preferia adquirir usinas já existentes ao invés de ampliar a oferta. Parece que vamos repetir essa experiência.

Tive a honra de escrever uma boa parte do livreto que recomendava trajetórias distintas das que foram adotadas ao lado do próprio Pinguelli, Dilma Roussef, Ildo Sauer, Mauricio Tolmasquim, Carlos Kirchner, Joaquim de Carvalho, Agenor de Oliveira, Ivo Pugnaloni, Roberto Schaeffer e Sebastião Soares

Já na presidência da Eletrobras, Pinguelli tomou a iniciativa de propor um fantástico estudo que envolveu toda a equipe técnica da empresa. O projeto GENESE (Grupo de Estudos de Nova Estruturação do Setor Elétrico), apesar de ter sido escrito em 2003, diagnosticou muito da sequência de problemas que assistimos até hoje.

Tanto as “Diretrizes” quanto o Relatório GENESE jamais foram divulgados e discutidos amplamente, já que, a partir de 2003, o Ministério das Minas e Energia preferiu adotar outras premissas para a reestruturação do setor elétrico brasileiro, dando continuidade às “reformas” implementadas desde 1995 pelo governo Fernando Henrique Cardoso. Essa foi uma experiência histórica que Pinguelli enfrentou e que precisa ser registrada.

Agradeço ao Pinguelli pelo aprendizado e pela oportunidade de denunciar na Eletrobras esses defeitos, que tenho demonstrado no ILUMINA (Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético) por 27 anos. De certa forma, também sinto um sentimento de derrota, mas, como ele, nunca desisti.