Uma obra de alfaiate feita sob medida

por Sergio Rosa, irmão de Luiz Pinguelli Rosa e ex-diretor do Serpro

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No seu livro de memórias, meu irmão, Pinguelli canta canções de Vinícius, Cartola, Gil, Noel Rosa e muito mais.

Do Aldir Blanc e Guinga, Pinguelli foi buscar:

“Eu sou do Engenho de Dentro
E você vive no vento do Arpoador “

Da infância à adolescência moramos no Engenho de Dentro perto no nosso vizinho João Nogueira, que escreveu, parece que para o Pinguelli.

O nome, a obra imortaliza.

O livro de Memórias retrata parte da obra imortalizada.

Talvez um subtítulo para o livro pudesse ser Uma obra de alfaiate feita sob medida.

O alfaiate Avilla Rosa está assim relatado no livro:

– O alfaiate tirava as medidas do corpo do freguês como um escultor examinando o modelo de sua obra que então era riscada no tecido com régua curva e giz.

O alfaiate foi também simbolizado na Revolta dos Alfaiates no final do século 18 na Bahia lutando pela liberdade e igualdade racial.

Então, Pinguelli é uma obra feita por Seu Ávilla e Dona Dalva na década de 40.

Nosso autor tem o livro lançado no repulsivo momento da entrega da política energética, simbolizada pela entrega da Eletrobrás, para o tal mercado.

Pinguelli se disse, e foi um derrotado na política como na ditadura militar e golpes contra nosso povo, mas… mas Pinguelli bem no início do livro nos traz José Saramago

“O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas.
O que as derrotas têm de bom é que também não são definitivas”

O livro é mais uma referência de valor para resistirmos.