Clube de Engenharia realiza evento de série que pretende discutir ideias para a retomada do desenvolvimento e homenageia Pinguelli

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O Clube de Engenharia deu início nesta quarta-feira (13/07) a “Um Projeto Para Reconstrução do Brasil”, em que serão discutidas propostas para a retomada do desenvolvimento do país e em defesa da soberania nacional. No primeiro evento houve uma homenagem ao físico Luiz Pinguelli Rosa, morto em março deste ano, com o lançamento de livro e mostra de fotografias. O tema do primeiro debate “Educação e Ciência, Tecnologia “(CT&I)” também foi inspirado na luta desse cientista ao longo de sua vida.

O presidente do Clube de Engenharia, Márcio Girão, ressaltou na abertura que o apoio à educação e à ciência não pode se limitar aos discursos ou a pontos genéricos nos programas de governo. São fatores fundamentais para o caminho da inovação e do desenvolvimento tecnológico e precisam estar vinculados a um compromisso do Estado e da sociedade, a partir de propostas concretas. Ele defendeu o fortalecimento do papel da Finep e a destinação de um maior volume de verbas para o setor. Girão lamentou o fato de o Brasil estar em 57º lugar no Índice Global de Inovação, mesmo figurando 13º em produção de ciência.

“É preciso uma integração maior entre a ciência com as empresas de base tecnológica para construirmos o processo de inovação. Temos ambiente para desenvolver o país e infraestrutura de laboratórios com as universidades e centros de pesquisa. Está faltando um governo comprometido com a reconstrução e não com o desmonte do país”, declarou Girão.

O primeiro palestrante a participar do projeto foi o diretor da Coppe/UFRJ, Romildo Toledo Filho. Ele ocupa atualmente um cargo já foi de Pinguelli durante quatro mandatos e lembrou o legado do cientista para a instituição e para a ciência brasileira. Toledo Filho relatou as dificuldades orçamentárias pelas quais passam as instituições públicas de ensino e um compromisso maior do Estado com a qualidade de vida da população.

“Precisamos parar a fuga de cérebros no país. Temos perdido massa crítica ano após ano. Jovens que nós formamos que acabam trabalhando em ecossistemas de inovação no exterior, para onde estão indo estudar. Quando se perde um estudante para o exterior, desperdiçamos os recursos investidos na formação pagos pela sociedade através dos impostos. Também deixamos de contar com essa mão de obra que vai para polos fora do Brasil e não gera a riqueza que precisamos”, afirmou Toledo Filho.

O presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, contribuiu para o debate defendendo um maior engajamento da sociedade no fortalecimento do ensino e pesquisa. Segundo ele, a população tem uma compreensão básica de como o estudo traz ganhos econômicos e precisa lutar por isso também coletivamente. O físico apresentou exemplos de países asiáticos que vêm alcançando forte crescimento econômico graças a seus investimentos em educação e ciência e tecnologia. Coincidentemente, a China tinha PIB em patamares semelhantes ao do Brasil em 1995 e hoje já é considerada uma super potência, disputando a liderança tecnológica com os EUA.

“Temos que superar essa visão economicista muito redutora, muito mesquinha, que acha que o mais importante é a economia acima de qualquer coisa. A visão que coloca a economia acima da vida, da fome e da saúde das pessoas ou do meio ambiente. Eu acho que nós temos que pensar numa dimensão mais ampla e trabalhar em conjunto”, defendeu Moreira, que também defendeu o combate à desigualdade social no país. O tema também foi abordado pelo professor Arthur Obino Neto (conselheiro do Clube de Engenharia e pesquisador sênior da Coppe). Ele citou exemplos de projetos desenvolvidos pela Coppe que poderiam ter tido aproveitamento econômico e social e que ainda não tiveram o devido interesse por parte do poder público e da iniciativa privada, como robô submarino e o veículo de levitação magnética Maglev. Por isso, defendeu um maior engajamento em prol do desenvolvimento tecnológico, que muitas vezes pode ser emperrado pela visão tecnocrática.

“Inovação não existe sem engajamento político, sem olhar a sociedade como um todo. A técnica em si não resolve os problemas. É a política coordenado a técnica que faz isso. Os exemplos produtivos da Coppe foram assim. Fez inovação em cima do futuro que espera para as pessoas e onde quer chegar com os processos”, ressaltou o professor.

Durante o evento houve o lançamento do livro “Memórias de Vargas a Lula: a resistência à ditadura e ao neoliberalismo” (editora Contraponto), uma autobiografia de Pinguelli.
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Fonte: Clube de Engenharia